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O simples é mais difícil que o complicado

14 novembro 2016

Tem muito conteúdo em inglês bacana na internet, mas a gente sabe que nem todo mundo é fluente na língua de Shakespeare. Então, resolvemos dar uma mãozinha e traduzir alguns pra você. Dave Trott é uma lenda da propaganda inglesa. Autor de campanhas memoráveis na terra da rainha, além de livros como Creative Mischief, Predatory Thinking e One plus One equals Three. Nós aprendemos muito com o que ele escreve, por isso aí vai um de seus artigos mais recentes. Leia o original aqui.

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O SIMPLES É MAIS DIFÍCIL QUE O COMPLICADO

1903 foi o ano do primeiro combate entre aviões.
Apenas 10 anos depois, aviões estariam voando em uma guerra.
Eles ainda eram feitos de madeira e tecido, como pipas.
Mas na época, os homens precisavam achar meios de se matar.
Então eles levavam pistolas e rifles com eles.
Enquanto voavam lado a lado, eles atiravam uns nos outros.
É claro que isso não foi muito bem-sucedido.
Então eles tentaram maneiras mais complicadas de resolver o problema.
Eles encaixaram metralhadoras em suportes giratórios.
Isso significava dois homens por avião: um para pilotar, outro para atirar no inimigo.
E não funcionava direito: o avião voava em uma direção e a arma disparava em outra.
E o sujeito na metralhadora precisava ter cuidado para não atirar no próprio avião: na cauda, nas asas, ou mesmo no piloto.
Tudo foi se tornando mais e mais complicado e o armamento aéreo era devagar e desajeitado.
Então, em agosto de 1915, algo aterrorizante aconteceu.
De repente, a Alemanha tinha um tipo completamente novo de avião, que voava direto em direção ao inimigo, cuspindo balas para a frente.
O avião não tinha que voar ao lado do outro, devagar, com alguém tentando atirar.
Qualquer manobra que a outra aeronave tentasse fazer para escapar, o avião alemão seguia, atirando balas na direção do fugitivo.
Pilotos britânicos e franceses estavam sendo mortos às dezenas.
Não havia defesa contra essa nova arma.
Ela passou a ser conhecida como o “Flagelo Fokker”.
Porque um holandês, Anthony Fokker, havia encontrado uma maneira das metralhadoras atirarem pelo meio das hélices, sem atingi-las.
Algo que todo mundo achava impossível.
Fokker tinha as metralhadoras apontadas para a frente, então para onde quer que o avião se dirigisse, o piloto simplesmente atirava.
Porque agora, o avião inteiro era uma arma.
O que Fokker fez foi simplificar tudo para passar por cima do problema.
Ninguém mais pensou que era possível ter as armas apontando para a frente, porque as balas acertariam as hélices.
Então eles achavam alternativas complicadas.
Mas Fokker não pensava como todo mundo.
Ele desenvolveu uma série de eixos de comando conectados ao motor do avião.
De forma que o próprio motor disparasse a arma, no momento em que houvesse um espaço entre as hélices.
Fokker reverteu o problema e seus aviões atiravam em tudo no céu.
Depois de algum tempo, franceses e britânicos aprenderam a copiar o pensamento de Fokker.
E nos últimos 100 anos, todo caça usou o princípio de Fokker: armas fixas, apontando para a frente.
Enquanto todo mundo tentava soluções mais e mais complicadas, Fokker fez o oposto.
Ele foi criativo e passou por cima do problema.
Ele não tentou solucionar o mesmo problema, ele mudou-o para um problema diferente.
E então, todas as soluções complicadas imediatamente se tornaram redundantes.
Pessoas estúpidas pensam que o complicado é inteligente.
Mas pessoas espertas sabem que o simples é inteligente.
Porque você precisa ir além do complicado para chegar ao simples.

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