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O fim dos atravessadores?

29 novembro 2016

Filadelfia_obstaculo

Não é para hoje, nem para esta semana, nem para este mês. Mas os atravessadores, os negócios que intermedeiam negócios, estão acabando. Ou mudando profundamente.

Repare: os aplicativos de táxi acabaram com as cooperativas. O Uber golpeou os aplicativos de táxi. As livrarias virtuais golpearam violentamente as reais. O Google Maps no celular acabou com os aparelhos de GPS. O Whatsapp deu um baque na telefonia celular brasileira. Na norte-americana e na europeia nem tanto, porque lá a maioria das operadoras não cobra por SMS.

Alguns setores usam o e-commerce como complemento a suas lojas reais. O setor de calçados já é um fenômeno de vendas online. Ainda é um pouco complicado comprar roupas pela internet, por causa do caimento. Mesmo assim, esse mercado avança a passos largos, especialmente entre o público feminino, ávido comprador de artigos brasileiros e chineses. A China, aliás, desindustrializou o mundo, e hoje você pode criar o design do seu próprio produto e pedir a um chinês para produzir, mesmo em pequena escala, e entregar a você. A impressora 3D será, em 5 ou 10 anos, ainda mais acessível do que é agora. Quem tiver um mínimo de aptidão vai poder esculpir seus objetos exclusivos em casa.

Um setor que já teve muitas inovações, mas ainda não conseguiu se reinventar totalmente, é o de supermercados. Fazer compras pela internet é uma realidade, um processo muito prático, mas muita gente prefere ir ao local e escolher seus próprios produtos. A dinâmica realmente parece anacrônica no mundo contemporâneo. Entrar no supermercado, pegar o carrinho, tirar o produto da gôndola, colocar no carrinho, tirar o produto do carrinho, colocar na esteira, colocar o produto no carrinho, levar para o carro, tirar do carro, levar para casa. Um processo de compra muito longo, mas tão natural. O supermercado ainda é um atravessador necessário, mas muitas empresas, inclusive o grupo Super Nosso, já estão trabalhando para deixar esse processo mais prazeroso e com menos etapas.

As agências de turismo precisaram se reinventar. O viajante independente, hoje, não precisa delas para nada. Daí a especialização: existem as populares, mas também as de turismo de luxo para endinheirados, que pagam pequenas fortunas por viagens exclusivas. Idosos também são um mercado forte, tanto pela renda, quanto pela falta de familiaridade com a internet.

As agências de propaganda também estão se reinventando, mas vão precisar evoluir mais ainda. O próprio nome – agência – pressupõe um serviço de agenciamento, isto é, de atravessador. Quem trabalha hoje com marketing de produtos ou serviços não quer apenas uma empresa que agencie sua comunicação, e sim alguém que use a criatividade para alavancar marcas, negócios e vendas.

Se sua empresa está no ramo dos atravessadores, repense seu negócio. O mundo está caminhando para mudar radicalmente essa função.

Dan Zecchinelli
Diretor Executivo de criação da Filadélfia

*Artigo publicado na página OPINIÃO do jornal Estado de Minas.

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